As quizilas, as réplicas e tréplicas inerentes ao pathos convivial — contraparte necessária ao pathos da distância constitutivo da linguagem da poesia — nos condenam a uma atitude de análise em que o importante é nos sentirmos implicados quer nos logros, quer nas pertinências que denunciamos.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A crítica que não se critica



Muitas vezes a atuação da crítica consiste em impor sutilmente uma perspectiva, de preferência aquela a partir da qual se sinta mais confortável para apreciar ou destruir algo.
Por exemplo: é estranho que a crítica se desestimule a “interpretar” ou ver uma obra a despeito de sua estranheza, vista aqui como desconformidade a um modelo cuja identidade ela crítica não sabe ainda confrontar com segurança a não ser em relação aos “pontos elevados da cultura” ou aos frutos do esmero particular dos gênios.
Essa tarefa parcial - interpretar obras pelas lentes de um modelo clara ou veladamente imposto - se não subministrou até agora toda uma tradição analítica, da qual a crítica contemporânea é também tributária, ao que parece estabeleceu hábitos que alimentam um antagonismo supersticioso ou, pior, ditou uma postura alérgica ou demasiado comedida com relação ao que se faz desde o presente.

Cândido Rolim

Ilustração: O Crânio (Sílvia Rejane de Assis)

7 comentários:

  1. in progress, pensamento em e a partir de rasuras interpretativas. a força de pensar o pouco com pouco. beleza!

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  2. amigos:
    sei lá o que pensar?
    um abraço.
    romério

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  3. é isso aí,
    e a solidez tremeu
    estremeceu extremunção
    a gente se apega e acredita em algo, sempre
    salve signagem!
    tom gil

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  4. George, "a crítica que não se critica" trouxe-me à lembrança uma frase de E.Poincaré (o matemático/filósofo): “Duvidar de tudo ou crer em tudo. São duas soluções igualmente cômodas, que nos dispensam, ambas, de refletir.”
    Beijo. Diana

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  5. Rolim,


    Muito bom!

    Grande abraço,
    Adriano Nunes.

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  6. Grande Cacique!
    Ótima análise, como sempre fiel aos dispositivos que comandam sua observação das coisas. Quando eu era pequeno, uma vez um macaco me mordeu. Ao invés de criticá-lo berrei feito um doido. Alguns criticos fariam melhor se berrassem ao inves de usar o poder da pena, ofenderiam menos, ajudariam mais...

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  7. Caros, valeram os comentários! a participação de vcs torna a discussão mais interessante. abços
    Cândido.

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